A Geoprospec é uma consultoria ambiental criada no início dos anos 80, em Porto Alegre-RS, para atuar no campo da geologia, numa época em que os temas sustentabilidade e ambientalismo não se faziam presentes na pauta da sociedade brasileira. Trabalhando sempre preocupada com a perpetuidade dos empreendimentos de seus clientes e do seu próprio mercado, quatro décadas depois se posiciona como uma empresa de estratégia em meio ambiente.
ANOS 80: GEOLOGIA E MINERAÇÃO
Sua história começa mesmo um pouco antes de sua fundação, quando Eduardo Carvalho (sócio fundador), recém-formado em geologia, começa a trabalhar com pequenas e médias empresas de extração mineral, auxiliando tecnicamente nas atividades de prospecção e pesquisa, assim como no cumprimento das exigências legais no antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), hoje ANM (Agência Nacional de Mineração).
Na época, o Rio Grande do Sul era um Estado de pouca tradição em mineração, ou pelo menos, naquela mais notória, como a do ouro, ferro, diamante e outros metais preciosos. No Estado, ela se concentrava em minerais de uso imediato na construção civil, como rocha para brita, areia, basalto e calcário. Era um mercado de menor valor, porém, de muito maior volume, e carente de atenção em todos os sentidos. As raras empresas na área de geologia não perduravam, e os extratores de minérios tinham pouca visão de longo prazo para seus negócios. Na verdade, poucos se viam como mineradores.
Foi nesse cenário que, associado a um colega da geologia, Carvalho fundou a Geoprospec, em 19 de agosto de 1983, para prestar consultoria e assistência técnica às empresas de extração quanto à pesquisa e legislação mineral e ao desenvolvimento de seus produtos. A ideia era profissionalizar o setor e garantir a perenidade dos negócios de seus clientes. Ficava claro, assim, seu princípio: a sustentabilidade do próprio mercado.
Na mineração, qualquer descuido técnico ou de informação podia resultar na perda da área de extração, selando o fim da atividade econômica. A seriedade e a ética da empresa permitiram a ela atender clientes concorrentes entre si. Suas lavras (como são chamadas as áreas de extração mineral), antes predatórias, foram tratadas em prol da sua perpetuidade. Ali, em meio às primeiras mobilizações sociais sobre o meio ambiente, este já era pauta da equipe técnica da Geoprospec.
Nos anos de 1986 e 1987, a empresa teve a oportunidade de realizar estudos ambientais em parceria com o Dr. José Lutzenberger, agrônomo, paisagista, escritor e ecologista, que viria a ser Ministro do Meio Ambiente no início da década de 90, e vencedor do Prêmio Nobel Alternativo (também conhecido como Prêmio da Sustentabilidade) por seu trabalho como ambientalista. Seus serviços passaram a contemplar o controle, planejamento e sistematização das atividades produtivas de seus clientes quanto ao meio ambiente.
ANOS 90: REGULAÇÃO AMBIENTAL E EXPANSÃO SETORIAL
Em 1991, quando começaram a ser exigidos do setor mineral os primeiros planos e relatórios de controle ambiental, a Geoprospec já havia se especializado no assunto, ampliando gradativamente sua atuação para as áreas de resíduos sólidos, loteamentos, construção de estradas e estudos de passivos ambientais diversos. O meio para sua continuidade passou a ser, definitivamente, o meio ambiente.
A década de 90 foi marcada por avanços na legislação ambiental. Nessa época, órgãos como a FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental), passaram a ter maior protagonismo nas políticas públicas. A sociedade brasileira começava a se preocupar com o meio ambiente, exigindo atuação efetiva dos seus órgãos de controle. O licenciamento ambiental virou obrigatório para os mais variados empreendimentos públicos e privados não só no segmento da mineração, mas também da construção civil, da infraestrutura e da indústria como um todo. O primeiro já havia amadurecido. Para os demais, tudo aquilo ainda era novidade.
Com a ampliação do tema e da responsabilização, a licença ambiental afirmava que os empreendimentos iniciavam suas atividades dentro das leis de preservação ambiental. Nada garantia, porém, a continuidade do seu cumprimento a partir dali. Casos anteriores, como o da fábrica de celulose Borregard, em Guaíba-RS, eram exemplos disso.
É nessa oportunidade, já no final da década de 90, que a Geoprospec lança um novo serviço no mercado: monitoramento e supervisão ambiental. Mesclando estudos contínuos nos empreendimentos, interface com os órgãos fiscalizadores e o aculturamento dos clientes, o serviço garantiria o cumprimento das leis ambientais. Anos depois, tal inovação estimularia os órgãos reguladores a exigir não só o monitoramento, como também a auditoria ambiental dos empreendimentos, visando a manutenção de suas licenças de operação.
ANOS 2000: SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Tudo aquilo era muito incipiente. Havia ainda muitas mudanças por vir, com diferentes impactos, tanto na empresa quanto no mercado. Em 2003, o então gestor da área técnica, Ivanor Sinigaglia, passa a integrar o quadro social, juntamente com o primogênito do sócio fundador, Eduardo Broll Carvalho. Seu pai, Eduardo Carvalho, deixa a operação para gerir outras empresas da família, permanecendo no conselho de administração da Geoprospec.
Em 2006, Al Gore lança, nos Estados Unidos, o livro Uma verdade inconveniente, que marca a entrada definitiva da sustentabilidade ambiental na pauta da sociedade, dos governos, e da imprensa mundial. Todo comportamento governamental, empresarial e até mesmo pessoal passa a sofrer um olhar crítico com relação ao meio ambiente. As denúncias de irregularidades e a fiscalização tomam proporções nunca antes vistas.
Um caso ficou muito famoso no Estado na época: uma crise de mortandade de peixes no Rio dos Sinos, na região metropolitana de Porto Alegre. Toda a imprensa e sociedade gaúchas exigiram com veemência a punição imediata dos causadores daquele desastre ambiental. Autoridades do poder judiciário foram às pressas em busca dos possíveis réus, e Indicada pelo próprio Tribunal de Justiça do RS, a Geoprospec realizou auditoria ambiental em uma das empresas apontadas como suspeitas.
Este caso acabou pautando o mercado ambiental no tema da gestão de resíduos. A enorme pressão por culpabilidades, a carência de mão de obra qualificada em estudos geológicos e geotécnicos terceirizados, somadas à responsabilidade advinda daquela contratação, exigiram da Geoprospec cuidados e critérios rígidos nos estudos e avaliações dos impactos ambientais.
Foi um processo moroso, mas o tempo dedicado à avaliação de passivos e as propostas de resoluções dos mesmos, naturalmente geraram um crescimento técnico interno na empresa, o que a preparou para novos movimentos.
ANOS 2010: REPOSICIONAMENTO E DIVERSIFICAÇÃO
Aquele caso também foi de grande impacto interno e transformou cenários. A Geoprospec, de auditora, passou a ser fornecedora de serviços à empresa auditada, num trabalho de intensa dedicação à gestão de passivos ambientais. O trabalho altamente técnico, além de atenuar em boa parte a culpabilidade, apontou caminhos para uma reviravolta na própria história daquela empresa. Ficava evidente ali a vocação da Geoprospec em buscar a sustentabilidade de empreendimentos e também do meio ambiente.
Somada a essa visão interna, o conceito de sustentabilidade se ampliava nas esferas regional, nacional e mundial. O mercado não seria mais o mesmo. Ciente de que os serviços de monitoramento e supervisão ambiental obteriam maior relevância e valor, entre 2012 e 2013 a Geoprospec realiza imersão de planejamento estratégico e define seu reposicionamento de negócio: estratégia em meio ambiente e geologia.
Ao definir sua missão de perpetuar empreendimentos por meio de estratégias ambientais, a empresa encontra sua atividade fim, sua verdadeira razão social: exercer a sustentabilidade em sua plenitude, contemplando todos os seus eixos: econômico, ambiental e social.
Enquanto buscava consolidar sua nova posição no mercado de consultoria, a Geoprospec fazia seu dever de casa em se manter sustentável. E para isso também se valeu daqueles aprendizados recentes. Diversificou sua atuação para serviços de apoio, que somados às demais expertises, foram fundamentais para a empresa crescer em volume de negócios, em diferentes clientes e setores. Era a época do boom no mercado da infraestrutura, da construção civil, tanto a pesada como a de habitação, e da consequente mineração de agregados. Na área pública, aprofunda sua atuação na viabilização e gestão ambiental de variados empreendimentos, como por exemplo, das obras da Copa do Mundo 2014 em Porto Alegre.
Mas ao longo de quarenta anos, não se vive só de boas notícias. Aquele boom se tornou bolha, e uma crise política e institucional, sem precedentes no país, atingiu e derrubou uma série de investimentos em empreendimentos públicos e privados. As obras escassearam e a inadimplência alcançou índices impronunciáveis. Absorvendo e sentindo a magnitude desse impacto, a Geoprospec volta seu olhar para si, revisa processos internos, e entre 2016 e 2017 investe no desenvolvimento de sua área comercial, dando maior atenção aos serviços de valor agregado, que encontram terreno mais fértil no setor privado, ainda que não suficientes para atenuar tamanhas perdas no setor.
Nos anos seguintes, busca reequilibrar seu desempenho entre primeiro e segundo setores, porém com uma mudança significativa: a busca de projetos públicos em todo território nacional, tanto na viabilidade de Unidades de Conservação (UCs), explorando seu know how em áreas contaminadas, quanto em gestão ambiental e estudos técnicos, onde o projeto do BRT de Recife-PE evidencia tal movimento.
ANOS 2020: PANDEMIA, ESG E SUSTENTABILIDADE 4.0
O ano de 2019 apresentava ainda uma retração de mercado, mas a Geoprospec já começava a reequilibrar sua performance entre volume e valor de negócios entre os setores público e privado. Eis que chega 2020 com uma pandemia mundial, originada especialmente pelo desequilíbrio na relação do ser humano com o meio ambiente.
Do caos alarmante, passando pelo reconhecimento de sua dimensão, até a readaptação ao “novo normal”, a Geoprospec fez o que a maioria das empresas fizeram: revisou sua estratégia de negócios e readaptou seus processos de gestão. E se valendo do clichê, que toda crise gera oportunidades, a empresa rapidamente buscou alternativas em ambas as frentes. Novas parcerias em sistemas de gestão, e novas parcerias para a transformação e expansão do seu negócio, que causaram mudanças na equipe, nos formatos de trabalho, e na diversificação da atuação estratégica em meio ambiente.
Esse novo olhar 360 graus, permitiu criar novos negócios com fornecedores e clientes. Ao mesmo tempo, com a consequente popularização das práticas ESG (enviromental, social and governance), que a pandemia acelerou, a consultoria ambiental da Geoprospec entra de vez no setor de energias renováveis, novo expoente setorial cada vez mais demandado por governos, empresas e consumidores finais, sem deixar de lado os demais segmentos, como a mineração. Pelo contrário, o relacionamento cada vez mais estratégico permite que nesse setor a empresa passe a conquistar uma série de concessões de lavra junto à ANM, conhecidamente mais complexas, morosas e exigentes quanto ao tecnicismo de seus estudos.
A Geoprospec celebra esse marco histórico projetando seus próximos quarenta anos, onde a sustentabilidade será o grande tema central em todas as esferas da sociedade, e onde ela pretende continuar sua caminhada sendo uma protagonista sensível, atenta e focada em estratégia ambiental.